quinta-feira, 23 de julho de 2009

Os sons da noite

Faz quarenta minutos
Que sigo com o olhar
Os ponteiros do relógio
- Seu infernal tic tac, já não me tranqüiliza –

Um galo sacana insiste em cantar
Todo seu repertório seresteiro

Carros passam em alta velocidade
O ronco do motor, assim como suas
Freadas bruscas e buzinas, irritam

Cães latem, talvez para afugentar
Algum meliante...
Seus alto-falantes caninos
Deixam-me mais atento

O apito do vigia e o som de sua moto
Barulhenta, cortam a noite...
Ao longe ainda se escuta o silvo longo

- Pai!
Escuto um chamado no quarto...
- Quero fazer xixi!
O filhote de quatro anos vem trôpego
- aparente notívago –
Cumpro a missão e o coloco ao
Lado da mãe, que repousa o sono dos justos...

No quarto adentra uma brisa suave
De verão...
- A ternura da cria tranqüilizou-me novamente -
Mesmo com os sonoros
Passos do marcador do tempo...

Acho bom retirar-lhe as pilhas...


Eduardo Proffa*
*É professor de educação física e poeta.

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