segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Poesia alagoana é tema de debate em palestra

Um encontro entre poetas, críticos literários e os amantes da literatura. Assim, acontece a 6ª mesa redonda dentro do projeto “Artes, artistas e cultura na sociedade alagoana”. A atividade será na próxima quarta, dia 30, às 18h, no auditório da Faculdade de Ciências Humanas (FCH).

Para discutir o assunto, que leva o título “Poesia alagoana hoje”, foram convidados estudiosos da área como a professora doutora Maria Heloísa Melo de Moraes; a doutoranda em Literatura Marta Emília de Souza; os poetas Ricardo Cabús e Nilton Resende; o escritor Milton Rosendo e a psicóloga Cristina de Macêdo.

O encontro terá a mediação de Regina de Souza, aluna do 4º período Psicologia e integrante do Projeto. Essa será a sexta edição da atividade, que vem sendo realizada com sucesso.

Segundo o coordenador da ação, professor Ricardo Maia, a participação de todos os estudantes é fundamental, pois será o momento de se realizar um resgate histórico da Literatura no Estado. “É no verbo literário que encontramos subsídios para o desenvolvimento do trabalho de um psicólogo social. Por isso, os alunos da FCH devem participar e prestigiar a atividade”, disse Maia.

O evento é aberto à comunidade estudantil e artística do Estado e tem a participação dos graduandos do curso de Psicologia. Mais informações pelo telefone (82) 9331-0310 ou pelo e-mail paac.al.2009@gmail.com.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O SOFÁ



- Cabeça!
-Que foi?
-Abre a porta aê cabeça!
-Calma aí, pô.
-Vem ver o que tu fez na sala!
O sofá tinha agora no meio um rombo, uma imensa cratera, e fumegante, ainda mais.
-Tá vendo, velho, num falei pra tu num fumar no sofá.
-Foi mal, cara.
-Foi mal, né? Agora meus pais vão vir me visitar hoje. Depois de seis meses! E eu vou dizer o que? Que não tem sofá aqui! Eles me deram dinheiro pra eu comprar um sofá, e eu vou dizer o que? Que bebi o dinheiro que eles me mandaram? Ein?
-Desculpa, cara.
-Desculpa nada. Tu vai dar um jeito de consertar esse sofá. Ou de sei lá, pegar algum emprestado!
-Emprestado?
-É! Sei lá. Aluga um! Te vira, velho. Se você não fizer isso, amanhã tu sai do apartamento. Tem dois meses que eu tô segurando o aluguel só, mesmo.
-Beleza, beleza.
E agora? Onde é que eu ia arrumar um sofá! Emprestado! Ainda mais. Dona Mirtes, do terceiro andar, é, podia ser ela. Uma vez eu fui levar umas compras para ela, coitada, é uma senhora de setenta anos, daí vi que ela tinha um sofá. Será que os pais do Gil sabiam como era o sofá antigo? Acho muito difícil. Qualquer sofá deve servir.
-Dona Mirtes.
-Diga meu filho.
-Então, eu estou precisando de um favor! Parece absurdo, mas a senhora tem como me emprestar seu sofá?
-Emprestar?
-É.
-Não posso meu filho! Vou receber visitas hoje.
-Eu alugo, dona Mirtes!
-Ok, por quanto?
-Assim, eu não tenho dinheiro aqui, mas posso fazer algum serviço na sua casa, de repente.
-Você pinta paredes?
-Pinto, Dona Mirtes, com certeza.
-Então tá certo.
Aparentemente deu tudo certo. Difícil foi subir com o sofá pelas escadas. Ao todo eu acho que demorei umas duas horas para subir os cinco andares.
-Pronto, massa.
-Cadê teus pais?
-Então, eles não vem mais. Cancelaram a viagem, só vem no mês que vem agora.




Bruno Jaborandy ( 18/09/2009)*
*Jornalista e integrante da banda Sessão do Suéter Rasgado

Este Poema Me Vai



Este poema me vai
com modos de se fazendo,
como quem vai tateando
seu assunto, lento, lento.
Este poema só trata
da coisa que a pele marca;
da coisa que o olho fere
ou que a ele muito afaga;
da coisa que a nosso olfato
nunca nunca desagrada —
ou mesmo que desagrade,
mas que imprima sua estada;
qual a coisa que no lábio
é veludo ou uma faca;
ou que se tocando a língua,
esta seca ou se encharca;
ou de outra, que no ouvido
é sussurro ou estaca.

Este poema só fala
de alguns ramos de açucenas
e eles se mostram à frente
ou gravaram-se à memória.

Se neste poema bóia
fina ou grossa arquitetura
de uns engodos só mantidos
com seus fins à formosura,
simulando paraísos
por quem mais viu a tristura,
e esse mesmo paraíso
é mais sonho que verdade —
tal poema muito peca por querer dar-se em calor
numa pena que é só frio.

Por isso muito se evola
e por isso é muito fraca
a palavra que não trata
do que se imprimiu ao corpo
ou que já marcou-lhe a alma.

Ele trate de algo ausente,
mas que deixe sua presença.
Como um sonho que tão forte
é tão vivo quanto a vida;
um desejo que, tão fundo,
deixa a carne toda à vista,
dando a marca que é da alma
à pele agora ferida —
pele, pêlos, poros, seivas ;
vaga e vida entrelaçadas.

Por isso muito se evola
e por isso é muito fraca
a palavra que não trata
do que se imprimiu ao corpo
ou que já marcou-lhe a alma.

Por isso o poema finda.

Por isso o poema acaba.

Neste poema não cabem
a dor e sua fumaça.

Neste poema não cabe
palavra que seja amarga.

Só cabem neste poema
o indizível e seu halo.

E eu me calo.
Nilton Resende*
*É ator, escritor e pesquisador de literatura

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Mostra Machado de Assis

Um artista completo: cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta. O carioca Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) é um ícone da literatura com obras como “Helena”, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Quincas Borba”, “Dom Casmurro”, entre outras tantas obras que ficaram marcadas no cenário da literatura nacional.
Revisitar a obra desse ilustre artista é algo mágico. Mas uma parcela da população pode não ter a possibilidade de conhecer e se deliciar com obras literárias. Pensando nisso, o SESC Alagoas, através do Centro de Difusão e Realizações Literárias (CDRL) leva, de 21 de setembro a 09 de outubro, essa arte literária ao interior do Estado. A unidade SESC Ler Teotônio Vilela recebe a Mostra Machado de Assis que faz parte da programação em homenagem ao centenário de morte desse ícone da literatura.
A mostra estará aberta à comunidade para visitação e também faz parte do projeto pedagógico da unidade de educação do SESC, no município, que atende a jovens e adultos. Os alunos visitarão a mostra e pesquisarão sobre vida e obra de Machado de Assis e discutirão em sala de aula.

Serviço:
Mostra Machado de Assis
Onde: SESC Ler – Teotônio Vilela
Horário: Manhã, tarde e noite (horários de funcionamento da unidade)
Entrada Franca

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A indiferença do copo-aquário


A indiferença é um prato indigesto...
A amnésia, é uma espécie de defesa questionável...
A falta do que dizer, dá margem para a suposição, eu ainda prefiro a certeza.
Corpos se tocam, se misturam, se trocam se atraem, se distraem e traiem...
Ignorar uma lembrança ou impedir o dialogo é imaturo.
Ainda tenho em mim, o cheiro de lembranças, ouço o barulho do mar, sinto o calor da brisa estrangulando minha lágrimas fazendo-as a evaporar para o limbo do esquecimento...
Tomo um gole...olho para meu copo e ele traz de volta cada lembrança, cada instante, um lampejo de saudade...
Criar é um processo perturbador, a inquietude é aleatória assim como as palavras que parecem não ter sentido algum para quem as lê, mas é o mais puro sentir de quem as despeja-as num pedaço de guardanapo encharcado pelo copo-aquário virado em nós durante o brinde finito!

Julien Costa*
(Botequim Amélia e Rosa – 06/03/2009 – 00:00 e algumas garrafas VAZIAS e um copo virado)
*É ator, professor de teatro e escritor.





Fragilidade


Nosso amor

Foi varrido

Da terra


Foi tão mágico

Tão doce

Tão terno


Tão frágil

Quanto

Teu nome


Que desenhei

Na areia

Da praia...



Eduardo Proffa *


É poeta e professor de Educação física.
FIM


que coisa, acabou


tão assim


sem mais nem menos


sem não nem sim


sei não, enfim


acabou


e fim...



Thiago Sampaio*


*É ator e técnico de teatro do SESC Alagoas.













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quinta-feira, 17 de setembro de 2009





Um mosaico de reflexos e histórias

A ludicidade dos espelhos e uma calorosa roda de contação de histórias ao ar livre, contagiaram os participantes do curso “Um Conto Atrás do Outro”, compondo o NUFOPES.

Além das músicas envolventes e da mistura de sentidos e sentimentos de confiança o que mais marcou esse encontro foram dois momentos: Um exercício com espelhos e uma roda de contação de histórias à beira mar.
No primeiro momento, o descobrimento! As diversas possibilidades e ângulos de se ver e ver as coisas ao redor. “Senti-me feito criança. Comecei a observar as mínimas coisas no exercício do espelho e quando percebi estava totalmente envolvido no processo”, disse Paulo Irapuan.
De repente, Thiago e Ana Cícera começam a brincar com a aproximação de espelhos entre si e uma série de imagens começa a ser construída ao som de músicas de Zélia Duncan.
A aproximação do outro fez com que toda a sala se transformasse em um verdadeiro caleidoscópio, fragmentos e olhares, todos compenetrados na atividade.
Na hora de terminar a atividade as pessoas pareciam não querer mais se desvencilhar do objeto, que já havia virado parte deles e, em alguns casos, havia criado até vida própria.
Thiago Sampaio contou que mesmo com os intervalos entre uma aula e outra percebeu a turma entrosada. "Para mim, vivenciar tudo isso hoje foi muito importante. Uma experiência diferente e muito boa. A turma está bastante unida, o momento do espelho foi precioso para a aula, foi tudo muito rico", disse.

Para alguns foi um dia difícil, já outros acharam a experiência única e enriquecedora. A turma estava realmente disposta e o último exercício do dia só veio comprovar essa afirmação.
Um pôr do sol maravilhoso, frutas e muita história. Essa foi a proposta de encerramento dessa etapa. Cantarolando as músicas aprendidas durante a oficina anterior, os integrantes do NUFOPES foram andando em cortejo até a praia de Guaxuma.

Chegando lá, uma roda de contação de histórias foi montada, onde a regra era a seguinte: a história inicia-se com uma fruta inteira, a primeira pessoa começa uma história, morde a fruta e passa a diante para quem deve continuar a contação dessa história. Pouco a pouco, as histórias foram fluindo até que todos contribuíram com algum trecho para formar uma história.
“Foi um dia muito proveitoso. A praia e a roda de histórias me fizeram viajar. O ambiente foi muito caloroso e envolvente. Ouvir histórias com o sol, com o barulho das ondas, sair dos muros da sala foi muito bom, foi muito gostoso”, disse Simone Souza.
Dando continuidade ao processo, no dia seguinte, houve um compartilhar de vivências e sensações experimentadas durante a sessão de contação de histórias ocorrida na Livraria Livro Lido, compondo a programação do projeto Aldeia SESC Guerreiro das Alagoas. Todos falaram da importância da “troca” em assistir as contações e poder contar. Os integrantes deram depoimentos e foi comentado a facilidade de como as integrantes da Trupe Gogó da Ema de Contadores de Histórias do SESC Alagoas contavam histórias, “era algo tão natural que parecia que elas tinham vivenciado as histórias que estavam contando, por mais surreais que elas sejam” disse o grupo.

Houve, também, um momento de reflexão a cerca do ultimo encontro e os exercícios propostos, assim como: o exercício do palhaço, onde todos os integrantes usaram nariz de palhaço e máscara para desenvolver as sensações.
Alguns integrantes falaram que não ficaram a vontade com o exercicio pela dificuldade do fazer sorrir. Luciano Pontes relatou sobre a visão do palhaço que muitas vezes não é apenas para fazer sorrir "um bom palhaço consegue trabalhar sentimentos: fazer sorrir, chorar, refletir..."

Após a conversa houve o primeiro exercício de alongamento, objetivando preparar o corpo para a jornada de exercícios que estava por vir. Logo após, sentados em círculo, colocaram no centro alguns sapatos. O primeiro momento foi de observação, em seguida as pessoas escolhiam um sapato aleatoriamente e descrevia as características do dono daquele calçado.
Os jogos sempre tão presentes na preparação artística foram constantes. Nesse encontro, um em especial chamou a atenção do grupo. A proposta era desenvolver a percepção e a criatividade utilizando seqüências de músicas onde a regra era pensar nos quatro elementos da natureza (terra, fogo, ar e água) e transmitir o sentimento através de movimentos. Batidas e cantigas embalaram o exercício e os integrantes do NUFOPES se entregaram a sonoridade e ao poder da imaginação, se transportaram para um lugar imaginário, criando cenários a partir da música.
No início da tarde, o grupo fez alguns exercícios de alongamento. Posteriormente, Luciano Pontes pediu que cada pessoa escolhesse três palavras que poderiam tornar o mundo diferente. Após a escolha, as falaram olhando uns aos outros. Os olhares penetrantes fotografavam as retinas e se expandiam ocupando todo o espaço.

Por conseguinte, a turma foi dividida em três grupos para responder as perguntas que estavam por vir. Diversos questionamentos surgiram a respeito de ser um Contador: “Qual a função do Contador de Histórias?” Será que é propagar o incentivo a leitura? (Uma das respostas do grupo). A partir desses questionamentos a turma foi levada a uma reflexão sobre a atuação do contador de histórias.