quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Estágios NUFOPES



Enfim é chegado o momento do primeiro encontro com o público. Um verdadeiro misto de sentimentos tomou conta dos participantes do NUFOPES. Medo, tensão, insegurança, que foram superados com a interação do público presente. As apresentações fizeram parte dos últimos encontros sistemáticos do grupo, servindo como estágio.


Essa fase aconteceu em casas de idosos e instituições para crianças. Foi um momento de troca de conhecimentos e de colocar em prática tudo o que foi aprendido durante o curso. Os integrantes se dividiram em dois grupos: Tatipirun e Mussaendra, e assim realizaram as respectivas apresentações nos dias 28 e 29 de novembro.

O primeiro dia foi com o grupo Tatipirun. Em meio a olhares e ouvidos atentos, as crianças do Centro Espírita O Consolador, receberam os integrantes do grupo, para a sessão de contação de histórias. Foi uma manhã mágica. As cores do arco-íris, os milhares dos sapatos da princesa, o conto do ferreiro que tentou enganar a morte, e as tantas outras histórias encantaram e fizeram as crianças interagir, dando asas à imaginação.

“As crianças vieram me perguntar se a história do ferreiro era de verdade, se realmente a Érica tinha visto o que aconteceu. Então chamei logo a dona da história e a deixei conversando com os meninos. Foi muito legal essa interação”, disse Fábio. Já na parte da tarde o clima ficou mais difícil. Ao adentrar e conhecer o espaço onde iriam contar suas histórias, a Casa do Pobre, eles perceberam que era preciso adaptar algumas situações.

Será que vai dar certo? Será que vamos ser bem recebidos? Como será a recepção do público na história da morte? Esses foram apenas alguns dos questionamentos feitos, antes do início da sessão. "Contar histórias para um público tão diverso, num ambiente como este é bem delicado. Estou com receio porque vou contar a história do ferreiro que desafiou a morte e este é um tema complicado de se abordar aqui”, disse Érica.

No dia seguinte, foi à vez do grupo Mussaendra. A primeira sessão aconteceu no Lar para Idosas Luiza de Marilac. Novamente a insegurança e o medo tentaram afligir os corações dos contadores de histórias, mas a superação e o enfrentamento falaram mais alto e se deu início a ação. No desenrolar das histórias, pouco a pouco, as pessoas foram interagindo, cada uma a sua maneira. Seja rindo, se benzendo, participando e mergulhando nas histórias contadas.

Na parte da tarde o local das contações foi o Lar para Meninas Deus Proverá. Eram dez meninas com idades variadas entre 12 e 16 anos. A princípio tudo parecia mais difícil, tanto pela faixa etária, como também pelo medo da rejeição por parte das adolescentes.

Entre um conto e outro, risos, sustos, surpresas, medos e tantos outros sentimentos foram se mostrando nas faces das garotas, que pouco a pouco se entregaram às histórias. Depois da sessão um momento mágico, onde brincadeiras e cantigas de rodas finalizaram a tarde com chave de ouro. As meninas participaram, cantaram e perguntaram sobre as histórias contadas.

“Foi uma experiência única. Elas são muito carentes de atenção e carinho. Vamos voltar aqui com certeza!”, disse Josilene . Apesar do medo, os grupos se apresentaram, e conseguiram atenção dos públicos, aperfeiçoando as sessões de histórias, modificando e adequando os últimos ajustes para o grande dia: a apresentação final, que acontece no próximo sábado, 12/12, às 18h30, no SESC Centro.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Um conto atrás do outro

A jornada foi longa e exigiu bastante de todos os participantes do curso “Um Conto Atrás do Outro – Mód. I”. Após 06 (seis) meses de construção coletiva do saber, técnicas e exercícios diversos foram aplicados para aprofundar a arte de contar histórias.


Agora, tudo passa a fazer sentido. O que foi apresentado ao longo do curso começa a se conectar nessa etapa final. Muitas foram as interrogações que surgiram na cabeça de cada participante, acerca da didática aplicada.

Para que serve tanto alongamento?

Por que brincar tanto nas aulas?

Por que fazer tanta leitura e pesquisa?

Muitas respostas surgiram nesse final de semana em mais um dos encontros.

Com olhares apreensivos e com muita alegria em estar finalizando mais uma etapa do curso, alunos e orientadores definiram os roteiros para a apresentação pública do grupo, composto por pessoas que exercem funções diversas, mas que se unem pelo amor e vontade de difundir a tradicional arte de contar histórias.

No primeiro dia de encontro, na sexta, dia 13/11, as sessões de histórias começaram a ganhar corpo. As músicas, instrumentos e a entrada dos componentes de cada um dos grupos foi trabalhada durante todo o dia.

Dando seqüência, no dia seguinte, o grupo se reuniu para fechar cada detalhe da apresentação. Além das histórias o dia foi marcado por provas de figurino e fotos, que foram registradas para o material gráfico da apresentação. Tudo parecia um grande flash back.

Os exercícios constantes de leituras e releituras de histórias que foram trabalhados ao longo do curso, dessa vez foram freqüentes objetivando tornar a primeira apresentação pública, programada para o dia 12 de dezembro, um momento prazeroso e de orgulho para todos. Além das histórias, a sonoridade estava e estará presente com instrumentos percussivos, interagindo a todo o momento.

Agora é só aguardar!!!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Um Primeiro Exercício de Fracasso


O menino bate a pedra.


O que fazes, ó menino?


Bato a pedra, bato a pedra.


Pra que bates, ó menino?


Farei nela linda flor.


E por que tu tão transido?


Por que choras, meu menino?


Sei que tudo é perdido:


ela não terá odor.

Nilton Resende *

*É ator, poeta e pesquisador na área de literatura

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Maratona de Contação de Histórias

A maratona de contações de histórias atraiu o público de todas as idades, que formaram filas quilométricas para assistir as sessões. Encantados com os contos interagiram, se envolveram e embarcaram de corpo e alma, nas histórias de contadas.
Foi uma verdadeira chuva de aplausos, risos e emoções com as apresentações de Linete Matias e Beth Miranda, com a sessão “Assim me Contaram... Assim vos contei”. As lembranças de histórias escutadas na infância foi um dos comentários recorrentes entre os que assistiam à sessão. “Adorei. Elas contam e cantam fabulosamente. Aquela história da menina e a figueira, era contada por minha mãe, quando eu era pequena. Foi maravilhoso escutá-la novamente, me levou a pensamentos distantes”, contou Sônia Santos.
A Trupe Gogó da Ema de Contadores de Histórias do SESC Alagoas, também se apresentou com a sessão “Histórias do Velho Graça” entre os causos e contos baseados na obra de Graciliano Ramos arrancaram sorrisos dos grandes e pequenos. “Essa história aconteceu de verdade?”, perguntou uma criança à sua Mãe.
Logo em seguida o público assistiu ao grupo Moranbudetá (RJ), com a sessão “Contos para Alegrar o Coração”, as músicas e efeitos sonoros da apresentação prenderam a atenção de todos que estavam presentes.
Para encerrar a maratona, a sessão “De Conto a Canto”, com Adriana Milet e Luciano Pontes (PE) misturou a ludicidade das músicas de tradição oral, com elementos visuais e poéticos, aliados à músicas e histórias de autoria dos pesquisadores.
Entre os comentários da plateia estava a emoção dos participantes do Núcleo SESC de Formação e Pesquisa na Arte da Contação de Histórias (NUFOPES). “Adoramos as apresentações, em breve seremos nós queremos contar assim”. Esses e outros depoimentos marcaram a presença dos contadores participantes do Núcleo, que de sessão em sessão, corriam novamente para a fila que se formava do lado de fora do auditório do Centro de Convenções, ansiosos por mais e mais histórias.

sábado, 7 de novembro de 2009

A MAGIA DO PEQUENO PRINCIPE

Ler um livro sempre nos transporta a lugares repletos de fantasia e imaginação. O SESC, na IV Bienal, trouxe, para Alagoas, o maior livro do mundo! Crianças, adultos e idosos se encantaram com a réplica do Pequeno Príncipe, do autor francês Saint Exupéry.

Ao folhear as páginas os olhos atentos e curiosos seguiam os movimentos das mãos das monitoras do SESC. Em um dos dias de exposição, uma leitora curiosa e ousada aceitou o desafio de ler o livro inteiro.

Lillan Lourenço, de 27 anos, chegou à Bienal com o propósito de passear, olhar livros e acompanhar a programação da Feira. Ao entrar no local, deparou-se com um livro grande, gigante. Na verdade, o maior livro do mundo. Ela confessa que se surpreendeu e se emocionou com a réplica, apesar de nunca ter lido o Pequeno Príncipe.

A estudante de Letras, então, resolveu parar em frente ao objeto para apreciá-lo, quando então, foi questionada, pelas monitoras, se gostaria de que as páginas do livro fossem folheadas. Coincidentemente, o mesmo se encontrava na primeira página e então ela começou a lê-lo.

“Eu conhecia pouca coisa sobre a história do pequeno príncipe, mas sempre tive vontade de ler. Acho que foi o ambiente me motivou. Ler um livro com letras grandes, em um clima totalmente diferente, e, respirando literatura, foi um convite para mim”, contou.

A cada página, a cada imagem as expressões no olhar de Lílian iam mudando, acompanhando os momentos e histórias do livro. Uma página levando a outra e estimulando-a a continuar a leitura incansavelmente, tendo as páginas passadas pelos monitores do SESC.

“Fiquei encantada. Apesar de ser um livro considerado infantil, ele faz reflexões sobre problemas atuais e conflitos internos. Vou continuar a ler aqui até terminá-lo, estou curiosa para o final”, disse.

Assim esse gigante de 2 metros de altura, 3 de largura e que pesa mais de 300 quilos, fez a diferença para muitos transeuntes e leitores que passaram para bienal. Da simples recordação de uma foto, até leitura de uma página, ou de várias, como no caso de Lílian, com certeza levará lembrança e formará novos apaixonados pela boa e velha leitura.

Mergulho literário


O universo da leitura é deveras encantador e bastante curioso. Quantas vezes não nos interrogamos sobre o processo criativo de cada escritor? Temos curiosidade em saber como aquele texto se transformou em um livro, como conseguir publicar o livro, analisamos as várias formas e linguagens textuais, entre tantas interrogações que passam pelas nossas mentes em nossas viagens no mundo da leitura.

Esses questionamentos estiveram presentes na programação do SESC durante a Bienal, nos dias 05 e 06, durante dois colóquios com os temas “A importância dos prêmios literários” e “A Nova Literatura é uma Literatura Nova?”. Mediados pelo Prof. Marcos Vinícius (UFAL) proporcionaram, aos presentes, momentos ricos de compartilhar informações que poucas vezes são discutidos abertamente. Sentados ao redor de uma mesa, de frente ao público, escritores convidados falaram abertamente sobre os temas abordados.

Durante o primeiro colóquio podemos perceber o que cerca o mundo dos prêmios literários, das inscrições até o processo seletivo de fato. O escritor Sérgio Léo, um dos ganhadores do Prêmio SESC de Literatura, falou sobre esse processo. “É muito difícil escrever e passar por esses concursos porque, além de tudo, você tem que agradar aos jurados eles escolhem, muitas vezes, pelo gosto deles de forma individual. Já fui júri também e busquei ser bem democrático, escolhi textos pensando em outras pessoas que também gostam daquele tipo de escrita”, comentou. A conversa sobre o tema foi bem instigante e o público presente também levantou questionamentos participando ativamente deste momento.

No segundo colóquio, com o tema “A Nova Literatura é uma Literatura Nova?” os escritores levantaram questionamentos entre eles sobre essa definição do que de fato é essa nova literatura. É perceptível que com o avanço das tecnologias, a corrida pelos mercados de trabalho, a demanda da qualificação deixa os processos mais velozes nessa era da informatização. As pessoas estão em um momento em que se relacionam a distância através de computadores em um mundo virtual. Através dele conversam, encontram amigos, namoram, discutem, constroem laço nessa esfera em que novos escritores vão surgindo.

Discutir o que é uma nova literatura é possível, mesmo sabendo que essa nova literatura não tem uma definição real. Não se pode dizer que essa literatura de hoje é completamente nova porque ela é derivada de todas as referências literárias que o escritor tem.

Será que esse meio virtual que facilita o acesso a livros? Onde novos escritores divulgam seus textos através de meios online como os blogs vão defasar a venda de livros impressos? Esse foi mais um dos questionamentos apontados e discutidos pelo grupo de escritores. Nilton Resende (UFAL) afirma que não. “O cheiro do livro e essa sensação de você tocar e compartilhar com outras pessoas é encantadora. Quem realmente gosta de ler não vai deixar de comprar livros. O acesso a livros através da internet existe em tantos sites em que as pessoas podem baixá-los, mas isso acontece para facilitar o encontro com a leitura”, reforçou o escritor.

O público respondeu a esse questionamento também. Carla Castellotti, uma das presentes, falou que tem um blog e o usa para compartilhar textos e, também, faz uso de leituras virtuais pela velocidade de informação. “As pessoas passam o dia, em meio à correria. É comum dar uma paradinha no meio desse processo todo para acessar algum site, se for para fazer alguma leitura interessante online esse movimento é interessante e rico já que esses meios permitem, também, uma interatividade muito grande onde o escritor recebe feedback”, disse a blogueira.

Os colóquios aconteceram no Estande do SESC e foi um momento de troca de informações onde os presentes ouviram escritores e também se posicionaram, realizando um verdadeiro intercâmbio literário. O público saiu bastante satisfeito já que localmente esse tipo de acontecimento é tão raro.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Do esboço à ilustração




Lápis, papel e imaginação: Ingredientes fundamentais para iniciar o processo de criação de desenhos e ilustrações. E imaginação é o que não falta na cabeça das crianças. Entre traços rabiscados pelos pequenos, imagens de árvores, flores, casas e demais desenhos desvendaram os desejos mais íntimos de cada garoto.

“Eles estavam bastante tímidos no começo. Alguns até nem queriam desenhar, mas, aos poucos, eles foram se soltando e o resultado são obras maravilhosas”, disse a artista plástica Myrna Maracajá, que ministrou a oficina “Aprendendo sobre Ilustrações”, realizada no Estande do SESC Alagoas na IV Bienal do Livro.

A ilustração possibilita o desenvolver da criatividade infantil e o despertar para novas possibilidades. “Teve gente que desenhou o céu azul e a grama verde, mas esses elementos podem ser da cor que quisermos é só imaginar e se permitir”, contou a arte-educadora.

A participação do SESC durante a bienal está conseguindo promover, de forma democrática, o acesso a esse mundo encantado. Crianças de escolas públicas e instituições sociais participaram ativamente da programação. Nesta oficina as crianças da Vila Brejal atendidas pelo projeto Ateliê Aberto à Comunidade.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O encanto das palavras




Ao escutar uma história, nossa imaginação ganha asas e voa alto, mais longe que o céu. Essa viagem no mundo das palavras fascinou as crianças e contagiou pessoas de todas as idades, durante a IV Bienal Internacional do Livro de Alagoas.
O Núcleo SESC de Formação e Pesquisa na Arte de Contar Histórias (NUFOPES) participou junto com a Trupe Gogó da Ema de Contadores de Histórias do SESC Alagoas da Mostrinha Gogó da Ema de Contação de Histórias.
Foi a segunda vez que alguns participantes do Curso ‘Um Conto Atrás do Outro’ participaram de apresentação em público junto com a Trupe. “No começo estava nervosa, mas quando percebi os olhares atentos das crianças, tudo foi fluindo mais fácil”, relatou Rafaela Sá.
O bom é que o sonho e fantasia não se acabam quando a história termina, pois, as palavras, rimas e músicas permanecem nas lembranças das pequeninas mentes...

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Oficina de Literatura

TECENDO HISTÓRIAS

Ouvir ou ler uma história nos leva a um mundo imaginário... Somos poderosos, pois, juntos com o autor podemos dar vida e forma aos cenários e personagens...

Histórias lidas, ouvidas, vividas, imaginadas e depois ilustradas. A ilustração se dá através de inúmeras linguagens e materiais. A ilustração bordada é um dos recursos que nos remete às nossas mães e avós, nossa herança de um país tão rico em rendas e bordados.

Os fios se entrelaçam, se abraçam, formam tecidos e contam histórias. Às vezes o bordado desfeito noite após noite na longa espera do amor distante, às vezes o bordado em manto sagrado de apresentação de Bispo do Rosário a nos fazer repensar criatividade e loucura...

O bordado nos dá a cor e a forma, mas também o relevo, as diversas texturas... É o desenho que se vê também com as mãos, tocando as palavras.As mãos tecem histórias entrelaçando palavras...As mãos tecem histórias entrelaçando fios e retalhos de tecidos, dando forma a desenhos e sentimentos, ilustrando as palavras escritas.

O mais importante é a criança se apaixonar por histórias e livros, assim formamos leitores de livros e do mundo. A leitura permite viagens fantásticas a lugares distantes, permite também viagens às profundezas do próprio ser. A leitura leva à reflexão, traz conhecimentos, aproxima as pessoas... A criança que tem acesso ao mundo dos livros e que tem prazer em ler, tem a possibilidade de escrever melhor, se expressar melhor e principalmente sonhar mais.

A oficina propõe a criação de uma ilustração com juta, feltro e lã, a partir de histórias lidas de Ruth Quintela. Que cada criança possa representar uma cena, um cenário, um personagem ou a emoção que sentiu ao ler/escutar as histórias...
Beth Krisam*
*É arte-educadora e trabalha no incentivo à leitura, por meio de oficinas com crianças e adolescentes.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Ciclo de leituras


AS TANTAS VIAGENS LITERÁRIAS AO MUNDO DE RUTH QUINTELLA

O desafio foi lançado, transformar cinco livros de Ruth Quintella, em uma viagem literária instigante e lúdica, sem explorar os truques de interpretação dos atores, valorizando cada letra escrita, anulando o gesto, para que a palavra falada colorisse o imaginário através do ato de ouvidos atentos, de diversas idades, de níveis intelectuais diversos, tudo isso com o propósito de dar ênfase: A PALAVRA ESCRITA, um caminho curto para o imaginário ou para reavivar as memórias da “criança adormecida” em nós!

E assim começou nossa viagem, entre estantes e prateleiras de livros, descobrimos criaturinhas enigmáticas, atentas a cada frase dita, a cada história lida (contada). Outros “marinheiros-pessoas” embarcaram em nossa canoa de vela quadrada, permitindo-se a sair da passividade de leitor-ouvinte para o protagonismo do leitor-ouvido.

Olhos brilharam... Adultos estamparam no rosto, sorrisos de criança, crianças descobrindo leituras de mundos...Desatracamos e seguimos viagem, paramos num palco cheio de luz, destruímos a “quarta parede” que nos isolavam no nosso mundo imaginário, logo fomos invadidos por mundos reais, homens, mulheres e crianças à sombra do “Gogó da Ema” prontos para compartilharem histórias e mais voluntários embarcam em nossa nau.

Cruzamos mares, passamos por rios cobertos de manguezais, caranguejos acenaram para nós, teiús fugiram ao nos aproximar e entre cavernas descobrimos dois lugares mágicos, pessoas iluminadas que tem o poder de ensinar a ler, a escrever e tantas outras pessoas iluminadas pela vontade de aprender, entre o canto de grilos e coaxos de sapos – interatividade – mais memórias construídas a partir daquele instante.

Seguimos pelo “Velho Chico” passamos por cidades que por si só já são histórias, desembarcarmos, recepcionados por brincadeiras de criança e lavadeiras na beira do rio, fim de tarde, sol se pondo, literatura brotando nas margens da imaginação ribeirinha.

Nossa expedição já seguiu 20 rotas diferentes, porém apontadas para uma mesma direção: O PRAZER PELA LEITURA, entre acordes de pífano e cantigas de roda, entre letras e livros chegamos ao paraíso da literatura – BIENAL DO LIVRO – um verdadeiro encontro entre autores, leitores, memórias e sonhos – onde ficção e realidade são relativas aos olhos que vêem, mas absolutas aos olhos que lêem.
Julien Costa*, 27 de outubro de 2009 às 23h30min.
*É ator, professor de teatro e escritor.

sábado, 24 de outubro de 2009

As crianças na Bienal do Livro



Os cenários que nos cercam são preponderantes de nossos gostos, nossos hábitos, nossa cultura. A Bienal é um universo de letras, capas, cores, sabores, movimento, palestras, apresentações, multidões querendo saber... Ante tudo isso, o faminto olhar das crianças querendo ser personagem e escritora, ter livros, liberdade de voar por todos os céus, terras, mares e montanhas.
A presença do SESC na IV Bienal Internacional do Livro de Alagoas, também proporcionará aos pequenos, ambientes diversos que levarão ao mundo encantado da leitura e do prazer da descoberta de novos mundos.
A contação de histórias contribui para a formação de leitores. A ludicidade e a arte são elementos imprescindíveis para atrair as crianças para o mundo da leitura. Traz às mentes e corpos um universo mágico, com sabor de quero mais. Acolhe e acalanta os sonhos da criançada, numa atmosfera mágica. Já dá pra imaginar a cena: as crianças ali, ouvindo, vendo e torcendo pelo final desejado... e, de tão fascinante que é o momento, empolgará a buscar mais nas páginas dos livros e ler para saber contar o que aprendeu.

Graça Cavalcante
- É Pedagoga com habilitação em Educação de Jovens e Adultos (UNEB – Universidade do Estado da Bahia).
- Arte-Educadora, com práticas terapêuticas e dinâmicas de integração através do lúdico.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Poesia ou Prosa? Romance ou Conto? Caso contrário, será Novela?


Bem, são definições que só entendendo a Teoria para classificá-las, mesmo assim, é preciso ter cuidado. Estes foram apenas alguns de vários assuntos trabalhados no último encontro (02/10 e 03/10) no curso “Um Conto Atrás do Outro” – Mod. I. Pois, além disso, houve discussão a respeito da História da Arte direcionada a Literatura Mundial e Brasileira.
Ufa! Quanto assunto!
Mas os participantes ficaram com olhos bem abertos para não perder uma só informação. Depois, acrescentaram suas experiências enquanto leitor e/ou professor, tirando suas dúvidas conforme o desenrolar da aula.
Esse momento do curso foi esperado com muita ansiedade pelos integrantes do NUFOPES, pois queriam desvendar mais coisas nesse mundo de Contação de Histórias. Estavam todos curiosos e o mais surpreendente foi a forma em que os assuntos foram abordados, interagindo o tempo todo com as informações pessoais de cada participante e com o que já foi exercitado nos encontros anteriores. Isso tornou a aula bastante participativa.
Mírian falou que estava tensa na expectativa da aula e ficou feliz com tudo que aprendeu. “Quando escutávamos falar que iríamos estudar a parte teórica, vinha logo na cabeça a ideia de que seria algo chato e cansativo. Mas, nesse momento, está sendo muito gostoso, pois o que vimos até agora nos remete ao que iremos trabalhar na prática da Contação de Histórias. Por isso, é muito prazeroso, muito bom, mesmo!!!”.
Comentou Mírian. A cada tema estudado, era preciso que cada um identificasse os textos de acordo com a Teoria Literária. Todos conseguiram aplicar a teoria na prática, foi como montar um quebra-cabeça.
No segundo dia, foi uma aula bem descontraída, na qual foram apresentadas algumas lendas populares e cada um contou o que conhecia sobre a cultura popular.E, nesse clima gostoso foram discutidos assuntos, relacionados às Estruturas Narrativas Clássicas e Populares e História da Arte, com o orientador Guilherme Ramos.
E Hoje Diria Não ao Paraíso

E hoje diria não
ao paraíso. Se ele

é, mãos dadas, imenso
clamor no riso. Tanto

correr rumo ao abraço,
tanto alvor no início.

E logo, monte e altura
mudam-se em precipício.



Nilton Resende*
*É ator, poeta e pesquisador de literatura.

sábado, 3 de outubro de 2009

Cortejo


Hoje eu vim de comitiva
Pra te compor em samba
Pra te roubar em versos
Não negue esse cortejo

Costurei minha Fantasia
Hoje eu sou a bateria
Quanto entrudo é necessário
Pra rasgar um tamborim?

Arthur Finizola*
* É músico e poeta.


Em seus lábios os maremotos não silenciam Nem o sorriso é dúbio Em seus lábios meu sexo reivindica sua presença E minha alma se sacia Em seus lábios o tempo não existe as cores são vivas e amor irrompe do sono Em seus lábios o mel é clichê E só os músculos tesos é que latejam Latin american way of life e tudo o que os instintos permitem Encontro em seus lábios carnudos e desejosos um delicioso toque dos deuses

Marcos Vinícius
*
* É poeta e professor de Literatura.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Poesia alagoana é tema de debate em palestra

Um encontro entre poetas, críticos literários e os amantes da literatura. Assim, acontece a 6ª mesa redonda dentro do projeto “Artes, artistas e cultura na sociedade alagoana”. A atividade será na próxima quarta, dia 30, às 18h, no auditório da Faculdade de Ciências Humanas (FCH).

Para discutir o assunto, que leva o título “Poesia alagoana hoje”, foram convidados estudiosos da área como a professora doutora Maria Heloísa Melo de Moraes; a doutoranda em Literatura Marta Emília de Souza; os poetas Ricardo Cabús e Nilton Resende; o escritor Milton Rosendo e a psicóloga Cristina de Macêdo.

O encontro terá a mediação de Regina de Souza, aluna do 4º período Psicologia e integrante do Projeto. Essa será a sexta edição da atividade, que vem sendo realizada com sucesso.

Segundo o coordenador da ação, professor Ricardo Maia, a participação de todos os estudantes é fundamental, pois será o momento de se realizar um resgate histórico da Literatura no Estado. “É no verbo literário que encontramos subsídios para o desenvolvimento do trabalho de um psicólogo social. Por isso, os alunos da FCH devem participar e prestigiar a atividade”, disse Maia.

O evento é aberto à comunidade estudantil e artística do Estado e tem a participação dos graduandos do curso de Psicologia. Mais informações pelo telefone (82) 9331-0310 ou pelo e-mail paac.al.2009@gmail.com.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O SOFÁ



- Cabeça!
-Que foi?
-Abre a porta aê cabeça!
-Calma aí, pô.
-Vem ver o que tu fez na sala!
O sofá tinha agora no meio um rombo, uma imensa cratera, e fumegante, ainda mais.
-Tá vendo, velho, num falei pra tu num fumar no sofá.
-Foi mal, cara.
-Foi mal, né? Agora meus pais vão vir me visitar hoje. Depois de seis meses! E eu vou dizer o que? Que não tem sofá aqui! Eles me deram dinheiro pra eu comprar um sofá, e eu vou dizer o que? Que bebi o dinheiro que eles me mandaram? Ein?
-Desculpa, cara.
-Desculpa nada. Tu vai dar um jeito de consertar esse sofá. Ou de sei lá, pegar algum emprestado!
-Emprestado?
-É! Sei lá. Aluga um! Te vira, velho. Se você não fizer isso, amanhã tu sai do apartamento. Tem dois meses que eu tô segurando o aluguel só, mesmo.
-Beleza, beleza.
E agora? Onde é que eu ia arrumar um sofá! Emprestado! Ainda mais. Dona Mirtes, do terceiro andar, é, podia ser ela. Uma vez eu fui levar umas compras para ela, coitada, é uma senhora de setenta anos, daí vi que ela tinha um sofá. Será que os pais do Gil sabiam como era o sofá antigo? Acho muito difícil. Qualquer sofá deve servir.
-Dona Mirtes.
-Diga meu filho.
-Então, eu estou precisando de um favor! Parece absurdo, mas a senhora tem como me emprestar seu sofá?
-Emprestar?
-É.
-Não posso meu filho! Vou receber visitas hoje.
-Eu alugo, dona Mirtes!
-Ok, por quanto?
-Assim, eu não tenho dinheiro aqui, mas posso fazer algum serviço na sua casa, de repente.
-Você pinta paredes?
-Pinto, Dona Mirtes, com certeza.
-Então tá certo.
Aparentemente deu tudo certo. Difícil foi subir com o sofá pelas escadas. Ao todo eu acho que demorei umas duas horas para subir os cinco andares.
-Pronto, massa.
-Cadê teus pais?
-Então, eles não vem mais. Cancelaram a viagem, só vem no mês que vem agora.




Bruno Jaborandy ( 18/09/2009)*
*Jornalista e integrante da banda Sessão do Suéter Rasgado

Este Poema Me Vai



Este poema me vai
com modos de se fazendo,
como quem vai tateando
seu assunto, lento, lento.
Este poema só trata
da coisa que a pele marca;
da coisa que o olho fere
ou que a ele muito afaga;
da coisa que a nosso olfato
nunca nunca desagrada —
ou mesmo que desagrade,
mas que imprima sua estada;
qual a coisa que no lábio
é veludo ou uma faca;
ou que se tocando a língua,
esta seca ou se encharca;
ou de outra, que no ouvido
é sussurro ou estaca.

Este poema só fala
de alguns ramos de açucenas
e eles se mostram à frente
ou gravaram-se à memória.

Se neste poema bóia
fina ou grossa arquitetura
de uns engodos só mantidos
com seus fins à formosura,
simulando paraísos
por quem mais viu a tristura,
e esse mesmo paraíso
é mais sonho que verdade —
tal poema muito peca por querer dar-se em calor
numa pena que é só frio.

Por isso muito se evola
e por isso é muito fraca
a palavra que não trata
do que se imprimiu ao corpo
ou que já marcou-lhe a alma.

Ele trate de algo ausente,
mas que deixe sua presença.
Como um sonho que tão forte
é tão vivo quanto a vida;
um desejo que, tão fundo,
deixa a carne toda à vista,
dando a marca que é da alma
à pele agora ferida —
pele, pêlos, poros, seivas ;
vaga e vida entrelaçadas.

Por isso muito se evola
e por isso é muito fraca
a palavra que não trata
do que se imprimiu ao corpo
ou que já marcou-lhe a alma.

Por isso o poema finda.

Por isso o poema acaba.

Neste poema não cabem
a dor e sua fumaça.

Neste poema não cabe
palavra que seja amarga.

Só cabem neste poema
o indizível e seu halo.

E eu me calo.
Nilton Resende*
*É ator, escritor e pesquisador de literatura

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Mostra Machado de Assis

Um artista completo: cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta. O carioca Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) é um ícone da literatura com obras como “Helena”, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Quincas Borba”, “Dom Casmurro”, entre outras tantas obras que ficaram marcadas no cenário da literatura nacional.
Revisitar a obra desse ilustre artista é algo mágico. Mas uma parcela da população pode não ter a possibilidade de conhecer e se deliciar com obras literárias. Pensando nisso, o SESC Alagoas, através do Centro de Difusão e Realizações Literárias (CDRL) leva, de 21 de setembro a 09 de outubro, essa arte literária ao interior do Estado. A unidade SESC Ler Teotônio Vilela recebe a Mostra Machado de Assis que faz parte da programação em homenagem ao centenário de morte desse ícone da literatura.
A mostra estará aberta à comunidade para visitação e também faz parte do projeto pedagógico da unidade de educação do SESC, no município, que atende a jovens e adultos. Os alunos visitarão a mostra e pesquisarão sobre vida e obra de Machado de Assis e discutirão em sala de aula.

Serviço:
Mostra Machado de Assis
Onde: SESC Ler – Teotônio Vilela
Horário: Manhã, tarde e noite (horários de funcionamento da unidade)
Entrada Franca

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A indiferença do copo-aquário


A indiferença é um prato indigesto...
A amnésia, é uma espécie de defesa questionável...
A falta do que dizer, dá margem para a suposição, eu ainda prefiro a certeza.
Corpos se tocam, se misturam, se trocam se atraem, se distraem e traiem...
Ignorar uma lembrança ou impedir o dialogo é imaturo.
Ainda tenho em mim, o cheiro de lembranças, ouço o barulho do mar, sinto o calor da brisa estrangulando minha lágrimas fazendo-as a evaporar para o limbo do esquecimento...
Tomo um gole...olho para meu copo e ele traz de volta cada lembrança, cada instante, um lampejo de saudade...
Criar é um processo perturbador, a inquietude é aleatória assim como as palavras que parecem não ter sentido algum para quem as lê, mas é o mais puro sentir de quem as despeja-as num pedaço de guardanapo encharcado pelo copo-aquário virado em nós durante o brinde finito!

Julien Costa*
(Botequim Amélia e Rosa – 06/03/2009 – 00:00 e algumas garrafas VAZIAS e um copo virado)
*É ator, professor de teatro e escritor.





Fragilidade


Nosso amor

Foi varrido

Da terra


Foi tão mágico

Tão doce

Tão terno


Tão frágil

Quanto

Teu nome


Que desenhei

Na areia

Da praia...



Eduardo Proffa *


É poeta e professor de Educação física.
FIM


que coisa, acabou


tão assim


sem mais nem menos


sem não nem sim


sei não, enfim


acabou


e fim...



Thiago Sampaio*


*É ator e técnico de teatro do SESC Alagoas.













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quinta-feira, 17 de setembro de 2009





Um mosaico de reflexos e histórias

A ludicidade dos espelhos e uma calorosa roda de contação de histórias ao ar livre, contagiaram os participantes do curso “Um Conto Atrás do Outro”, compondo o NUFOPES.

Além das músicas envolventes e da mistura de sentidos e sentimentos de confiança o que mais marcou esse encontro foram dois momentos: Um exercício com espelhos e uma roda de contação de histórias à beira mar.
No primeiro momento, o descobrimento! As diversas possibilidades e ângulos de se ver e ver as coisas ao redor. “Senti-me feito criança. Comecei a observar as mínimas coisas no exercício do espelho e quando percebi estava totalmente envolvido no processo”, disse Paulo Irapuan.
De repente, Thiago e Ana Cícera começam a brincar com a aproximação de espelhos entre si e uma série de imagens começa a ser construída ao som de músicas de Zélia Duncan.
A aproximação do outro fez com que toda a sala se transformasse em um verdadeiro caleidoscópio, fragmentos e olhares, todos compenetrados na atividade.
Na hora de terminar a atividade as pessoas pareciam não querer mais se desvencilhar do objeto, que já havia virado parte deles e, em alguns casos, havia criado até vida própria.
Thiago Sampaio contou que mesmo com os intervalos entre uma aula e outra percebeu a turma entrosada. "Para mim, vivenciar tudo isso hoje foi muito importante. Uma experiência diferente e muito boa. A turma está bastante unida, o momento do espelho foi precioso para a aula, foi tudo muito rico", disse.

Para alguns foi um dia difícil, já outros acharam a experiência única e enriquecedora. A turma estava realmente disposta e o último exercício do dia só veio comprovar essa afirmação.
Um pôr do sol maravilhoso, frutas e muita história. Essa foi a proposta de encerramento dessa etapa. Cantarolando as músicas aprendidas durante a oficina anterior, os integrantes do NUFOPES foram andando em cortejo até a praia de Guaxuma.

Chegando lá, uma roda de contação de histórias foi montada, onde a regra era a seguinte: a história inicia-se com uma fruta inteira, a primeira pessoa começa uma história, morde a fruta e passa a diante para quem deve continuar a contação dessa história. Pouco a pouco, as histórias foram fluindo até que todos contribuíram com algum trecho para formar uma história.
“Foi um dia muito proveitoso. A praia e a roda de histórias me fizeram viajar. O ambiente foi muito caloroso e envolvente. Ouvir histórias com o sol, com o barulho das ondas, sair dos muros da sala foi muito bom, foi muito gostoso”, disse Simone Souza.
Dando continuidade ao processo, no dia seguinte, houve um compartilhar de vivências e sensações experimentadas durante a sessão de contação de histórias ocorrida na Livraria Livro Lido, compondo a programação do projeto Aldeia SESC Guerreiro das Alagoas. Todos falaram da importância da “troca” em assistir as contações e poder contar. Os integrantes deram depoimentos e foi comentado a facilidade de como as integrantes da Trupe Gogó da Ema de Contadores de Histórias do SESC Alagoas contavam histórias, “era algo tão natural que parecia que elas tinham vivenciado as histórias que estavam contando, por mais surreais que elas sejam” disse o grupo.

Houve, também, um momento de reflexão a cerca do ultimo encontro e os exercícios propostos, assim como: o exercício do palhaço, onde todos os integrantes usaram nariz de palhaço e máscara para desenvolver as sensações.
Alguns integrantes falaram que não ficaram a vontade com o exercicio pela dificuldade do fazer sorrir. Luciano Pontes relatou sobre a visão do palhaço que muitas vezes não é apenas para fazer sorrir "um bom palhaço consegue trabalhar sentimentos: fazer sorrir, chorar, refletir..."

Após a conversa houve o primeiro exercício de alongamento, objetivando preparar o corpo para a jornada de exercícios que estava por vir. Logo após, sentados em círculo, colocaram no centro alguns sapatos. O primeiro momento foi de observação, em seguida as pessoas escolhiam um sapato aleatoriamente e descrevia as características do dono daquele calçado.
Os jogos sempre tão presentes na preparação artística foram constantes. Nesse encontro, um em especial chamou a atenção do grupo. A proposta era desenvolver a percepção e a criatividade utilizando seqüências de músicas onde a regra era pensar nos quatro elementos da natureza (terra, fogo, ar e água) e transmitir o sentimento através de movimentos. Batidas e cantigas embalaram o exercício e os integrantes do NUFOPES se entregaram a sonoridade e ao poder da imaginação, se transportaram para um lugar imaginário, criando cenários a partir da música.
No início da tarde, o grupo fez alguns exercícios de alongamento. Posteriormente, Luciano Pontes pediu que cada pessoa escolhesse três palavras que poderiam tornar o mundo diferente. Após a escolha, as falaram olhando uns aos outros. Os olhares penetrantes fotografavam as retinas e se expandiam ocupando todo o espaço.

Por conseguinte, a turma foi dividida em três grupos para responder as perguntas que estavam por vir. Diversos questionamentos surgiram a respeito de ser um Contador: “Qual a função do Contador de Histórias?” Será que é propagar o incentivo a leitura? (Uma das respostas do grupo). A partir desses questionamentos a turma foi levada a uma reflexão sobre a atuação do contador de histórias.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Mini-curso “Diálogos entre Literatura e Cena” - José Castello (PR)

Como transformar um texto literário em peça de teatro? As adaptações sempre levantaram questionamentos e dúvidas sobre sua formatação. Esse e outros assuntos serão debatidos no Polo de Literatura, no bairro do Jaraguá. Uma das surpresas da edição 2009 do Aldeia SESC Guerreiro das Alagoas.Para inaugurar esse espaço, o SESC montou uma programação especial com sessões de histórias da Trupe Gogó da Ema de Contadores de Histórias do SESC Alagoas e um mini-curso sobre adaptação de textos literários para o teatro, ministrados pelo carioca radicado em Curitiba, José Castello.
O mini-curso terá como base a discussão dos espetáculos "Insônia"; da Cia. Teatro da Meia-Noite (AL); "Enamorados - a demanda do amor" (PE) e "Negro de Estimação" (PE). Todos os espetáculos são adaptações de contos e livros. Durante a atividade José Castello irá debater sobre criação literária, conceito de literatura, montagens teatrais e outras temáticas.
Castello é jornalista e escritor. Atualmente escreve a coluna “Prosa e Verso”, do jornal O Globo e também é colaborador do jornal Valor Econômico, da revista Época, e do mensário Rascunho, de Curitiba. Mestre em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele já foi repórter da Veja, O Estado de São Paulo, entre outros jornais de referência no Brasil. Como escritor, publicou a biografia de Vinícius de Morais, onde obteve o prêmio Jabuti em 1994. Também publicou títulos de jornalismo literário e crônicas. Inscrições antecipadas: 1kg de alimento (levar no SESC Centro)
  • Data: 26/08
Horário: 14h às 18h
Local: Livraria Livro Lido
19h30 – Espetáculo “Insônia” com a Cia. de Teatro da Meia-Noite (AL)
Local: Teatro SESC Jofre Soares
  • Data: 27/08
16h – Espetáculo “Enamorados – A Demanda do Amor” (PE)
Local: Espaço Cultural
19h30 – Espetáculo “Negro de Estimação”, com Kleber Lourenço (PE)
Local: Teatro SESC Jofre Soares
  • Data: 28/08
Horário: 9h às 13h / 14h às 16h
Local: Livraria Livro Lido

Informações:
Centro de Difusão e Realizações Literárias - CDRL.
SESC Alagoas - Unidade SESC Centro.
82 3326 3133 / 3326 3700

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Programação CDRL - Agosto/09

O mês de agosto está repleto de atividades literárias!
É só se agendar e curtir: http://agendasescliteratura.blogspot.com/

O brilho fica cada vez mais acentuado!

O que se percebe a cada encontro dos participantes  do Núcleo SESC de Formação  e Pesquisa na Arte de  Contar Histórias (NUFOPES)  é a necessidade  de uma entrega cada vez maior  aos exercícios, aos momentos ali propostos.

Se permitir as sensações e o prazer de estar diante dos olhares dos outros.





A cada encontro os participantes se descobrem intimamente. Trabalham a percepção, o ouvir, desvendam seus limites corporais, muitas vezes desconhecidos, além da troca de experiências. Aos poucos o contador de histórias vai surgindo!

Esse segundo encontro do NUFOPES foi composto por dois momentos. Começou na sexta-feira, 24 de julho, sob a orientação de Luciano Pontes que propôs a entrega de corpo e alma, por meio de exercícios e vivências com o foco na energia do "poder", da “segurança” e da “certeza”. Tudo isso para perceber um “estado” para o ato de contar, um caminhar pelas experiências acumuladas até chegar ao estado de naturalidade, buscando a ludicidade de quem vê numa história um lugar onde se pode brincar, que percebe o estado de jogo e cumplicidade pela entrega que a história propõe. Isso fez parte de uma preparação, durante a manhã, para que os integrantes estivessem mais a vontade para realizar o primeiro exercício de contação de histórias no turno da tarde, onde puderam escolher entre o poema “Fábula de João da Tarde” de Joaquim Cardoso e o “Homem e a Morte” de Manuel Bandeira. Durante a sessão de histórias o foco era o mesmo: escutar, olhar e perceber. Sendo esses princípios primordiais para uma boa comunicação com os ouvintes de histórias.

No sábado tiveram a primeira aula da disciplina Práticas Sonoras na Contação de Histórias, sob a orientação da pedagoga e musicista Adriana Milet. Nesse momento puderam conhecer mais sobre a respiração e saúde vocal, através de exercícios de aquecimento e desaquecimento da voz, reconhecimento e ativação do diafragma. Todos objetivando uma respiração e fonação qualificada.

 
 
 
 
 
 
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Postado ,07 de agosto de 2009
 
O processo seletivo para o curso “Um Conto Atrás do Outro” – Mód. I, compondo o Núcleo SESC de Formação e Pesquisa na Arte de Contar Histórias (NUFOPES), exigiu bastante dos participantes. Cada etapa realizada tem sido repleta de descobertas, tanto para os participantes como para toda a equipe técnica.

Nos dias 24 e 25 de julho realizamos mais uma etapa desse processo. Saiba mais: http://sescliteraturanufopes.blogspot.com/


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terça-feira, 4 de agosto de 2009

Lançamento das Literárias Mostras Virtuais



O meio virtual é um meio real! Através dele são difundidas milhões de informações a cada minuto. E porque não a literatura também fazer uso desse meio para difundir-se?

Hoje, percebemos que os suportes contemporâneos proporcionam o surgimento de novos escritores que possuem uma literatura particular e contemporânea. Essa discussão fez parte da programação de lançamento das Literárias Mostras Virtuais. De que maneira a literatura pode chegar a todos os públicos? Quais as mídias contemporâneas que se unem a literatura? Esses questionamentos foram abordados durante um bate-papo conduzido pelos professores da Universidade Federal de Alagoas, Susana Souto e Marcus Vinícius, com mediação de Guilherme Ramos.
O mundo da literatura e os suportes contemporâneos foram abordados por Marcus Vinicius e Susana Souto, com a mediação de Guilherme Ramos.
Os amantes da poesia também puderam acompanhar a performance Hóstia, com o escritor e performer Nilton Resende, misturando poesias e expressão corporal.
Versos, sons e métricas. Uma tradicional ode à Baco inaugurou as Literárias Mostras Virtuais do SESC Alagoas.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Convergências



Tchello d´Barros *
*É artista visual e poeta.

http://www.tchello.art.br


Tomar banho de chuva.
Refrescar.
Nadar na lama.
Resfriar.
Pular nas poças.
Se lavar.
Tem vezes que faz tempestade aqui dentro.
Tem vezes que é garoa.
Tem dias de sol.
Tenho dias bem sozinho.


Thiago Sampaio*
*É ator, escritor e blogueiro.
Atualmente trabalha no SESC Centro,
onde é técnico de Teatro.

http://ciadochapeu.blogspot.com/

quinta-feira, 23 de julho de 2009

“Sem nome”

Palavras perdidas... não ditas
Frases sem fim com começo sem sentido
Vida vazia, noite sombria
O som que tão longe aparece
As notas no ar se fazem perdidas (iguais as palavras)
A vida um mistério sem fimOu um fim com ponto final... morte?
Morte o que seria?
Passagem, alegria
Nada pode explicar
Desejo beijos, sentimento profundo como um buraco negro
Que tudo entra e faz machucar
Alegrias se misturam com melancolias
Tristezas se confundem com ousadias
Ousadias com liberdades...
Liberdades de expressão, e até mesmo de amar
Amar todos seria demais
Mas pra mim seria felicidade...
Queria um pouquinho de paz, apenas
Pelo menos para viver o que chamam de amor.

Natalhinha Marinho*
*É atriz, poeta, musicista e estudante de jornalismo.

BONECA DE BARRO

Boneca de barro, o mesmo barro que também é chamado de traço,

O risco no chão feito pelo traço, parece giz, mas é o corpo da boneca que está a sangrar.

Essa boneca não foi feita da costela, recebeu o mesmo barro que fez o Adão vestido de capote do sururu,,cheiro de lama,esculpida pela maré alta da lagoa mundaú.

De dia ela sonha em catar sururu, de noite, pensa em estudar

olha com ternura a menina que ela resolveu se dar,ouve -se do barraco, o canto do pescar,que as vezes é interrompido por um chorar,pescadores parecem botos, mas as vezes, são seduzidos por sereias da lagoa, e desaparecem

Boneca de barro chora, só não desmaia , porque se quebra,João-de-Barro, não volta, não tem pescado, a barriga da boneca grita.pobres bonecas-meninas infelizes,que chafurdam na lama, para não rachara fome, dá lugar ao canto.

E a boneca do barro, resolve se emprestarganha algum tostões para ser tocada por meninos de chumbo,seu corpo parece estar rachado, ressecado, mas toda dia a mesma, rotina, a mesma esquina, o mesmo sinal,para receber migalhas dos meninos de chumbo, que agora vem acompanhados das bonecas de louça,coitada boneca de barro! se sente suja por ser tocada,seu cheiro não é mais de lama, seu odor é de semên como essas meninas-Bonecas sujinhas, podem se limpar? se água não podem levar?

seus olhos de ximbra, já não brilham mais .o tempo de fome, fez seu corpo rachar ,e os tostões ganhos já não dá pra se alimentarvive comprando cola para tentar se remendar, mas a boneca de barro está só o caco, num desse cochilos de esquina, veio uma chuva forte, e fez a boneca desmanchar,lá se foi mais uma vida sofrida, no fundo do bueiro descansar.


Julien Costa*
*Ator escritor e dramaturgo.
A poesia foi inspirada em Boneca de Pano
do Poeta alagoano Jorge de Lima
http://www.diariodebordel.blogspot.com/

Poema:"Sem Nome"‏

Não confundas meus gritos,
Com teus gritos.
Não confundas minha raiva,
Com a tua raiva.
Não confundas minha mágoas,
Se vivo,é porque persisto,
E isso não é amor ;
É vício.
Mas porque não desisto disso...
Complexo.
Amor,amizade,ódio,vício.
Sempre insisto nisso...
Por isso que vivo.
E isso também é vício.
Miguel Ferreira*
*É formando do curso de Letras
pela Universidade Federal de Alagoas.
http://www.osoliterario.blogspot.com/

Quão azul a tela é forte?



Foto,
Fato,
Feito
Órfão...
Nato.
Parco
Marco;
Alto
Salto.
Ares,
Mares
Azuis...
Fazes
Fases
Fáceis
D'um blues.
No (em) blues...
No (sem) blues...
Quão azul a tela é forte?



Hermes Di'Ângelo *

13/07/2009, 16h16

*Escritor e sonhador compulsivo. Não consegue se imaginar fazendo outra coisa, senão escrever, escrever e escrever. Prefere acreditar na intuição. Sua 'inspiração' está mais para 'sublimação' do real para o imaginário...

Os sons da noite

Faz quarenta minutos
Que sigo com o olhar
Os ponteiros do relógio
- Seu infernal tic tac, já não me tranqüiliza –

Um galo sacana insiste em cantar
Todo seu repertório seresteiro

Carros passam em alta velocidade
O ronco do motor, assim como suas
Freadas bruscas e buzinas, irritam

Cães latem, talvez para afugentar
Algum meliante...
Seus alto-falantes caninos
Deixam-me mais atento

O apito do vigia e o som de sua moto
Barulhenta, cortam a noite...
Ao longe ainda se escuta o silvo longo

- Pai!
Escuto um chamado no quarto...
- Quero fazer xixi!
O filhote de quatro anos vem trôpego
- aparente notívago –
Cumpro a missão e o coloco ao
Lado da mãe, que repousa o sono dos justos...

No quarto adentra uma brisa suave
De verão...
- A ternura da cria tranqüilizou-me novamente -
Mesmo com os sonoros
Passos do marcador do tempo...

Acho bom retirar-lhe as pilhas...


Eduardo Proffa*
*É professor de educação física e poeta.

Manhã de sol
O vendedor de macaxeira
Expõe suas raízes

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À tarde, no sertão
Um Anum desvia seu canto
Dos espinhos da palma


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Entre algas e espumas
Uma Maria Farinha
Contempla a partida do sol

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A lagartixa adormece
Nas palavras ébrias
Do contador de histórias


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Sob o olhar do gato
Uma borboleta conta seus ovos
Na folha do limoeiro

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Na brisa da manhã
As flores tingem de vermelho
O musgo da calçada



Marcus Vinícius*

*É poeta e professor de Letras da Universidade Federal de Alagoas

Latejo (ou O medo da poesia inacabada)

Partiu pra cima de mim toda maiúscula
Chegou cheia de ponto e vírgula
Exibindo as reticências
Volumosa e acentuada
Mais parecia uma proparoxítona
Me pegou pelo paradoxo
Me fez de trema e circunflexo
Me sujeitou ao predicado
Usou e abusou do meu léxico
Depois de tanta soletragem
Já não havia mais metáfora
Nem tão pouco poesia
Não me sobrou quase gramática
Nem semântica, nem grafia, nem teoria
Artur Finizola *
* Arthur Finizola é músico e poeta .

Incrementando a vida.

“Quem conta um conto, aumenta um ponto”... não, não concordo com o ditado popular. Na realidade não é bem assim! Melhor dizer: quem conta um conto “incrementa” vários pontos. E que bom que é desse jeito, já imaginou o quão sem graça seria a vida sem alguém disposto a desempenhar esse papel? Reconhecer é preciso, incremento é algo substancial pra vida da gente, ou não? O que seria o registro de uma vida sem um bom incremento, gente?
Escrever é mais ou menos como pintar um quadro, só que com um diferencial: sem tintas! Trata-se de um exercício desafiador. Olhar para o papel em branco – ou para uma tela de computador da mesma cor, que seja – e assumir o compromisso íntimo de tentar torná-la mais interessante, diminuindo sua palidez, dando vida e dinamismo ao que antes apenas existia. Indiferente e sem perspectiva.
É um ato de coragem! Convenhamos, é preciso ser corajoso para expor o que se sente, o que se pensa, o que se quer, pois uma vez externalizadas tais particularidades, mesmo que estejam misturadas a mil e um versos, ainda assim sempre haverá alguém capaz de identificá-las e decifrá-las. Então, escrever também é não ter direito a muitos segredos! Quem um dia se propôs a desenvolver um diálogo aberto e sincero com o mundo sabe bem disso.
Do pergaminho ao pixel, desde sempre, a palavra exerce o honroso papel de ser um agente transformador... de dar sentido a tudo, querer – e conseguir - modificar a todos. Quando a palavra se une a música, vira canção. Ao produzir versos, logo se transforma em poesia. As nascidas das reflexões religiosas produzem a fé. Nas mãos dos médicos preservam vidas e na das autoridades viram leis, que por sua vez regem o mundo, que se desdobra na tentativa de se sobrepor ao caos. No cotidiano de qualquer pessoa ela se faz presente – inclusive no seu que me lê agora -. Aliás, essa é uma boa pergunta: no seu universo particular, que efeito produzem?
Se ler é viajar, escrever é conduzir! E quem conduz algo ou alguma coisa precisa de responsabilidade ao manifestar suas percepções do mundo e de todo o resto. Certamente elas conseguirão convencer alguém que tomará pra si aquilo que até então a outro alguém pertencia. Formar opiniões, despertar sentimentos, desagradar, apaixonar... talvez por isso seja tão necessário continuar experimentando! Sem a palavra estaríamos todos cegos!
Escrever também é brincar, mas atenção: brincar com coisa séria! Interagir com uma força que brota em “terra de ninguém” que ao mesmo tempo pertence a todos nós... e isso pode ser bem
perigoso... ou maravilhoso! Maravilha essa que habita na mente de quem escreve e nos olhos de quem lê!

Apolinário Júnior*
Maceió, 19/07/09.
*É turismólogo, blogueiro e atua na Coordenação de Turismo CTUR do SESC Alagoas. http://dapoesiaaocaos.blogspot.com/